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quinta-feira, 15 de maio de 2014

"Definitivo
Definitivo, como tudo o que é
simples.
Nossa dor não advém das coisas
vividas,
mas das coisas que foram sonhadas
e não se cumpriram.
Sofremos por quê? Porque
automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a
sofrer pelas nossas projeções
irrealizadas, por todas as cidades
que gostaríamos de ter conhecido ao
lado
do nosso amor e não conhecemos,
por todos os filhos que gostaríamos
de ter
tido junto e não tivemos,por todos
os shows e livros e silêncios que
gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela
eternidade.
Sofremos não porque nosso trabalho
é desgastante e paga pouco, mas
por todas
as horas livres que deixamos de ter
para ir ao cinema, para conversar
com um
amigo, para nadar, para namorar.
Sofremos não porque nossa mãe é
impaciente conosco, mas por todos
os
momentos em que poderíamos estar
confidenciando a ela nossas mais
profundas
angústias se ela estivesse
interessada em nos compreender.
Sofremos não porque nosso time
perdeu, mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos,
mas porque o futuro está sendo
confiscado de nós, impedindo assim
que mil aventuras nos aconteçam,
todas aquelas com as quais
sonhamos e nunca chegamos a
experimentar.
Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer,
apenas agradecer por termos
conhecido uma
pessoa tão bacana, que gerou em
nós um sentimento intenso e que
nos fez
companhia por um tempo
razoável,um tempo feliz.
Como aliviar a dor do que não foi
vivido? A resposta é simples como
um
verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo, mais me
convenço de que o desperdício da
vida
está no amor que não damos, nas
forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada
arrisca, e que, esquivando-se do
sofrimento,perdemos também a
felicidade.
A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional..."
Carlos Drummond de Andrade

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